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Mostrando postagens de 2009

Mário Sérgio x Imprensa

O inimigo do Inter neste momento é o Santos, adversário no próximo domingo, pela 35ª rodada do campeonato brasileiro. Se formos mais longe, Palmeiras, São Paulo, Atlético Mineiro, Flamengo e Cruzeiro também bloqueiam o caminho colorado. Para Mário Sérgio, porém, o inimigo tem outra cara, a da imprensa. Por isso, ele a elegeu como inimiga e declarou guerra aos jornalistas. Em vão. A crítica neste caso é livre. Afinal a imprensa, como tudo, também está sujeita ao erro. E aqui no sul os jornalistas cometem tantos equívocos quanto em São Paulo ou Belo Horizonte ou Rio de Janeiro. O erro não é exclusividade dos gaúchos. A queixa de Mário Sérgio, no entanto, não tem fundamento. Durante a mesma entrevista coletiva em que atacou a imprensa gaúcha, ele também declarou que não acompanha o trabalho dos jornalistas esportivos. Não assiste TV, não lê jornal ou revista e não ouve rádio. Pelo menos os programas que abordam futebol passam bem distante do cuidado de Mário Sérgio. É no mínimo estranho.

A última do Chávez

Hugo Chávez não se contém. Além de defender a reeleição ilimitada e calar a imprensa, o venezuelano quer agora que os cidadãos do seu país evitem acender a luz. Isso mesmo. Ele sugeriu, sem o menor constrangimento, que a pessoa que levantar durante a noite para usar o banheiro, ao invés de acender as luzes, use uma lanterna. Muito mais prático e barato. É para o bem da economia, para a sobrevivência do meio ambiente e a salvação do nosso país vizinho e seu presidente debilóide. Não é a primeira vez que Hugo Chávez faz uma declaração polêmica nesse sentido. No último dia 21 ele já havia pedido diminuição no tempo do banho. Condenou os cantores de chuveiro e afirmou: três minutos bastam para se lavar. Nem mais, nem menos. Alegou ter feito e aprovado o teste com ele mesmo. Gastou três minutos para se lavar e saiu sem “nenhum fedor”. Não é necessário dizer o quanto Hugo Chávez flerta com a bizarrice. O Brasil muito mais, que deseja ter ele como sócio.

Dilma, a atriz

Quando foi eleita a candidata de Lula para as eleições de 2010, Dilma Rousseff tratou de correr atrás do tempo perdido. Aposentou os antigos óculos, adotou roupas de cores mais claras, mudou o corte de cabelo e passou a sorrir mais. Enquanto a ministra cuidava do visual, Lula tentava transformá-la em uma lenda viva: mãe do PAC, mãe do pré-sal. Olhando assim, é comum ter a impressão de que Dilma leva o país nas costas, e sempre de bom humor. Lula tenta desde então transferir para Dilma algo que é muito pessoal e... intransferível: o carisma. Nesse quesito o presidente sempre teve sucesso incontestável. Afinal, 80% de aprovação é pra poucos. Bem poucos. Justamente por isso Lula parece atualmente estar acima do bem e do mal. Se aproveita dos altos índices de popularidade para legitimar ações ilícitas, como fazer campanha antes da hora. A recente decisão de mandar Dilma Rousseff para debater sobre o meio ambiente na Dinamarca é no mínimo curiosa. Começando pelo fato de que a ministra deve

Parece medo de ser campeão

O líder Palmeiras seguiu nesta noite a tendência atual dos times que estão na ponta da tabela do Brasileirão. Assim como São Paulo e Inter, o time de Muricy Ramalho não passa por um bom momento. Com a derrota para o Santo André no Bruno José Daniel já soma quatro partidas sem vitória. Santo André e Palmeiras fizeram uma partida movimentada, de igual pra igual. Logo aos 15 minutos Armero acertou uma bola na trave dando a impressão que o Palmeiras estava afim de jogo. Mas quem abriu o placar mesmo foi o time da casa. Camilo fez boa jogada e tocou para Nunes marcar, livre. Gol de centroavante, 1 a 0. O Palmeiras ainda acertaria outra bola na trave ainda no primeiro tempo. Depois de bela jogada de Vagner Love, Obina por pouco não empatou o jogo, acabou parando na trave. E quando não era a trave era o goleiro Neneca quem evitava o gol palmeirense. Cleiton Xavier foi substituído logo aos 20 do primeiro tempo. E Diego Souza, de quem sempre se espera algo mais, teve atuação apagadíssima. Não

O drama do Rio

Rio de Janeiro foi escolhida para sediar as Olimpíadas de 2016. Por um instante todos os problemas enfrentados pelo brasileiros pareceram desaparecer. Armou-se um carnaval em pelo outubro. Violência? Corrupção? Miséria? Que nada! As Olimpíadas vêm ai para mostrar ao mundo que somos sim um país alegre, do samba, do futebol e de mulheres lindas. Esqueceram-se apenas de avisar aos bandidos do Morro dos Macacos. Os confrontos que fomos obrigados a assistir nos últimos dias, entre traficantes e policiais não estavam nos planos de Lula, de Sérgio Cabral ou de Eduardo Paes. Os ataques vieram em hora errada, como se quisessem dizer ao mundo todo: olhem e reflitam, será que fizeram a escolha correta? O mundo teme neste momento. Jornais do mundo inteiro estampam fotos do helicóptero que foi brutalmente (e facilmente) vencido por quem realmente comanda a cidade maravilhosa. Nem o vídeo de Fernando Meirelles é capaz de salvar nesses casos, e para quem é de fora soa como algo muito falso. Seria c

O falso rei do Beira-Rio

Todo mundo tratou de exaltar a ótima atuação de D’Alessandro contra o Náutico, ontem no Beira-Rio. Claro, o problema das recentes más atuações estava mesmo com o Tite e com a crise no vestiário. Só não podemos esquecer que quem tratou de criar esse mal estar foi o próprio D’Alessandro. Tudo porque o treinador optou por descartá-lo durante uma partida, ou seja, fez uma opção e o tirou de campo. Apenas cumpriu com sua obrigação, taticamente tentou tornar a equipe mais produtiva. O craque se ofendeu: “como assim, me tirar do campo?”. E bateu o pé. A partir daí não jogou mais. E azar do Inter se não fosse campeão ou se não conseguisse ficar entre os quatro primeiros no campeonato brasileiro. D’Alessandro teve até um lampejo de sanidade quando, voltando da “geladeira” a qual foi submetido pelo Tite, jogou contra o Atlético Mineiro. E jogou muito. Quando recuperou a titularidade, porém, voltou a ser o mesmo jogador sonolento e desinteressado de antes, que tanto irritava torcida, técnico e i

A polêmica troca no Beira-Rio

O Internacional acertou ao mandar o técnico Tite embora. Antes tarde do que nunca. Foi um erro de "timing" apenas. Se Tite saisse logo após o fracasso na Copa do Brasil o Inter ainda estaria na briga pelo título do Brasileirão. E mais, provavelmente seria o grande favorito. Porque elenco tem, todo mundo sabe. Naquela época um fraco treinador no quesito Campeonato Brasileiro estava à toa, sem time pra treinar. O nome dele? Muricy Ramalho. O Inter fingiu que não viu. Como também fez que não viu Luxemburgo, na época desempregado. E convenhamos, optar por qualquer um deles seria muito mais negócio do que chamar o Mário Sérgio, técnico que chega com a difícil missão de garantir o Inter no G4. O erro da direção colorada foi tão bizarro que ela mesma tratou de adiantar ao torcedor que se trata apenas de algo temporário. "Acalmem-se todos! Luxemburgo vem aí em 2010." Balela. Não existe planejamento para 2010. Essa postura serve apenas para minimizar o desconforto, já que o

Sérgio Cabral e as Olimpíadas

Obama garante que Chicago quer e está preparada para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Em um evento com atletas olímpicos e paraolímpicos, o presidente norte-americano esbanjou confiança, afirmando a vontade dos Estados Unidos de receber os jogos. A euforia de Obama não soa bem para Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro. Chicago, Rio de Janeiro, Madri e Tóquio estão na disputa. O resultado será divulgado no próximo dia 2 em Compenhague, durante reunião do Comitê Olímpico Internacional. Para Sérgio Cabral a escolha do Rio de Janeiro como sede significaria um impulso considerável para a sua reeleição como governador. Apesar de não admitir, é nisso que ele está pensando. Então é óbvio que os adversários de Sérgio Cabral torcem, mesmo que em silêncio, para que a confiança de Obama se reflita na escolha do dia 2.

Sarney x Imprensa

Durante sessão solene sobre o Dia Internacional da Democracia, José Sarney afirmou que "a mídia passou a ser uma inimiga das instituições representativas". Isso porque, para ele, o Legislativo é mais vulnerável às críticas, já que toma as decisões às claras. Desde que os escândalos envolvendo o Senado começaram a vir à tona, Sarney travou guerra com a imprensa. Mais uma vez é aquela história. O mensageiro informa o Rei da existência de algum imprevisto e o Rei, ao invés de resolver o problema, manda matar o mensageiro. Tudo se resolve na base do "ninguém sabe, ninguém viu". Lula também assumiu a postura ao condenar o "denuncismo" praticado pelos jornalistas. Com isso, estão tentando conter aquelas que são as principais funções da imprensa: investigar, descobrir, denunciar. Ainda mais quando se trata de política. Muito mais quando se fala em política no Brasil. Por exemplo, se o presidente do Senado recebe auxílio-moradia mesmo possuindo residência própria

Domingos Oliveira, um gênio

Conheci Domingos Oliveira por acaso. Foi durante um daqueles momentos de tédio em frente à TV, trocando de canal alucinadamente. Passei pelo Canal Brasil, como sempre faço em ocasiões como essa. Sou um apaixonado por cinema brasileiro, e pra saciar essa paixão nada melhor do que o canal que é mestre no assunto. Nesse dia passava um programa chamado Todas as mulheres do mundo, não sabia do que se tratava. À princípio me pareceu um simples programa de entrevistas, só depois entendi a dinâmica. Era um conceituado diretor de teatro e cinema conversando com diversas artistas das mais diferente áreas, porém não menos conceituadas. Depois vim saber que Todas as mulheres do mundo era o nome do primeiro filme do apresentador, o tal Domingos Oliveira. Daí o nome do programa. O que me chamou a atenção no primeiro momento foi a maneira como Domingos pronunciava as palavras. Falava exatamente como um bêbado, enrolado. Era tarefa árdua entender. Achei graça nisso e fiquei curioso, passei a assistir

Lula e os pizzaiolos

Esse tipo de declaração que deu o presidente Lula, chamando os parlamentares da oposição de "pizzaiolos", simboliza mais um estopim da crise no Senado brasileiro. A base governista não disfarça seu incômodo com as investigações sobre a Petrobras, Lula bem que tenta se fazer de desinteressado, mas a CPI incomoda. E Lula dispara acusações sem pesar a mão. Não pode. Um presidente tentar desmoralizar o poder legislativo do país que governa é inadmissível. Essa intromissão negativa de um Poder sobre o outro é prejudicial. As reações às declarações do presidente foram imediatas. Indignados, os senadores derrotaram a indicação de um diretor da Agência Nacional de Águas (ANA), o engenheiro Bruno Pagnoccheschi. Mesmo os senadores da base se posicionaram veementemente contra o discurso do presidente. Hoje, Cristovam Buarque (PDT-DF) apresentou requerimento de voto de censura à Lula. O problema maior é que a crise no Senado chegou em um ponto em que ninguém sabe muito bem o que fazer p

O reencontro

Lula subiu ao palanque novamente ontem, em Alagoas. Não deixou de defender a candidata à presidência em 2010, Dilma Rousseff, mas tentou fazer isso com discrição. Não conseguiu. Lembrou que a legislação eleitoral não permite campanha antecipada e afirmou apenas que defenderá e ajudará a eleger sua sucessora. Completou com um irônico "ou sucessor". Desde que determinou a escolha da mãe do PAC como candidata do PT para as eleições do ano que vem, Lula não desceu do palanque. Em todo canto escondido do Brasil, em todo discurso, o presidente encontra uma oportunidade de mencionar a companheira Dilma. É preciso que se crie uma disciplina quanto às campanhas eleitorais antecipadas, do contrário Lula continuará dando o seu jeitinho. O curioso da ida do presidente a Alagoas foi o reencontro com o senador Fernando Collor (PTB-AL). De antigos adversários, os dois quase passaram a melhores amigos. Lula se desmanchou em elogios ao ex-presidente e agradeceu o apoio que ele e Renan Calhei

CPI da Petrobras

Após dois meses de desgates entre governo e oposição, deve ser finalmente instalada hoje a CPI da Petrobras. Porém, o seu funcionamento só deve ter início em agosto, quando os parlamentares voltam do recesso. Quem não deve não teme, já diz o ditado. No caso da Petrobras, maior empresa brasileira e símbolo da era Lula, o temor se faz presente. Por isso, no que dependesse da base governista essa CPI seria engavetada e por lá morreria. Agora, principalmente após os escândalos que rondam o poder legislativo, parece inevitável que se instale a CPI, pelo menos como forma de aliviar um pouco as pressões. Se tomarmos como base as reações do governo, certamente existe algo a ser escondido na intimidade da administração da estatal. O desespero de Lula é convicto, já que um escândalo nesse momento, envolvendo a Petrobras, prejudicaria a candidatura de sua potencial sucessora, Dilma Rouseff. Mesmo assim, há pouco o que o Palácio temer, é maioria esmagadora na comissão. Dos 11 senadores indicados,

O coronel dono da Fundação

As denúncias contra o presidente do Senado, José Sarney, não têm fim. A cada dia surge uma nova. Já as desculpas e justificativas para cada novo escândalo permanecem as mesmas. Afinal, ele não sabia de nada. Por exemplo, o auxílio-moradia que recebia todo mês em sua conta, mesmo possuindo residência fixa em Brasília, não era do seu conhecimento. Os netos empregados no Senado também passaram despercebidos. Os seguranças do Senado contratados para cuidar de sua residência em São Luís, sendo que ele é senador pelo Amapá, também não comunicaram Sarney. E ele, coitado, permaneceu sem saber. Nesses casos, o sobrevivente do coronelismo no Brasil está mais que correto. Não é necessário se desgastar pensando em justificar suas estripulias quando se tem o aval do presidente da República. Quando se está acima da lei, qualquer desculpa é em vão. As últimas denúncias, porém, serão difíceis da dupla Sarney & Lula explicar. Isso porque o presidente do Senado tentou inovar nas explicações, dei

Briga entre vilões

Os anos de repressão vividos nas décadas de 60 e 70 no Brasil estão se reproduzindo em Honduras, país da América Central. Lá, quem deu o golpe também foram os militares, por atitude orquestrada pelo poder legislativo. O presidente eleito em 2005, Manuel Zelaya, foi preso e deposto. Quem assumiu em seguida foi o presidente da Câmara, Roberto Micheletti. O golpe segue um roteiro comum do século 20 na América Latina, especialmente durante a Guerra Fria. O que diferenciou dessa vez foi a condenação mundial. Os Estados Unidos, por exemplo, antes costumavam apoiar os golpistas. Dessa vez, Obama foi incisivo ao dizer que o golpe não foi legal e que Zelaya permanece sendo o presidente de Honduras. Lula garantiu que não vai reconhecer o novo governo. O amigo antigo de Zelaya, Hugo Cháves, também apoia o presidente deposto. O golpe foi condenado pela ONU e pela União Européia. Porém, nesse cenário retrógrado que vai contra as imposições da democracia, ninguém é santo. Nem a aparente vítima, o p

No lugar errado na hora errada

O que estamos assistindo no Irã é o conflito entre ditadura e democracia. E, com exceção do presidente Lula, todos sabem de que lado ficar. Digo isso pois, mesmo após os difíceis anos de ditadura enfrentados no Brasil e outros exemplos dessa situação no mundo, o nosso presidente acusou o povo que vai às ruas de Teerã para lutar pela liberdade de "golpista", disse ainda que a eleição que ocorreu por lá é legítima. Vale lembrar que Lula foi o único chefe de estado a apoiar Mahmoud Ahmadinejad. É difícil prevermos o que vai acontecer no Irã daqui por diante. Porém, é fácil concluirmos que alguma mudança teremos por lá. Afinal, os protestos e as mortes não deverão permanecer infinitamente, mesmo porque uma situação dessas é prejudicial ao próprio governo. Uma maior abertura ou não, não sei, mas algum acordo com os oposicionistas o governo do Irã deverá fazer. Acho que para o mundo ocidental, com exceção do presidente Lula, a gota d'água se fez com o vídeo que mostrava o mome

Matem o mensageiro

Lá do Cazaquistão surgiu uma voz em defesa do presidente do Senado, José Sarney. O dono da voz era o próprio presidente Lula, condenando o denuncismo praticado pela imprensa brasileira e exigindo que Sarney não seja mais tratado como "uma pessoa comum". O denuncismo de que fala o presidente é em relação às frequentes acusações da imprensa sobre o poder legislativo: a farra das passagens, o castelão, os atos secretos. Ou seja, Lula age agora como aquele rei que, diante de uma má notícia trazida por um mensageiro, mandava matar o mensageiro ao invés de resolver o problema. Se os parlamentares fazem festa com o dinheiro do povo e Sarney privatiza um órgão público como é o Senado, a culpa é de quem denuncia isso tudo. Pelo menos para o nosso presidente funciona assim, o que os olhos não lêem o coração não sente. Pra variar, Lula mantém a posição de se ausentar diante dos escândalos. Assim como agiu no caso do mensalão, o presidente optou mais uma vez por passar a mão na cabeça do

Eleições no Irã

Desde a manhã desta sexta-feira milhares de iranianos comparecem às urnas para eleger o próximo presidente daquele país. Para alguns poucos, a eleição simboliza uma chance do Irã de se ver livre de Ahmadinejad, o louco que governa o país desde 2005. Para eles a esperança tem o nome de Mir Hossein Mousavi, principal adversário do atual presidente. O ultraconservador líder do Irã até o momento é polêmico no mundo inteiro. Em parte por afirmar abertamente que pretende riscar Israel do mapa, além da posição de negar o holocausto, que causa repulsa em grande parte do mundo. Ahmadinejad prega ainda o isolamento do Irã em relação ao mundo ocidental e vem comprando briga por causa do seu programa de enriquecimento de urânio, que possibilita a criação de armas nucleares. As pesquisas, porém, apontam Ahmadinejad em vantagem até o momento, mas é necessário que ele atinja mais da metade dos votos para ser eleito, caso contrário enfrentará o segundo turno na próxima sexta-feira. A vantagem é justif

A prisão como pretexto

Euna Lee e Laura Ling não passarão 12 anos de trabalhos forçados na Coreia do Norte. Para quem não sabe, trata-se de duas jornalistas americanas condenadas sob a acusação de entrar ilegalmente em território norte-coreano. As jornalistas da Current TV, que tem entre seus proprietário o ex-vice-presidente Al Gore, faziam uma reportagem na fronteira entre a China e a Coreia do Norte quando foram capturadas e, mais tarde, condenadas. A prisão, porém, foi feita sob uma nuvem de mistérios. Não se sabe se elas realmente invadiram a Coreia do Norte ou se foram presas em território chinês. A condenação prevê 12 anos em campos de trabalhos forçados, de onde é difícil sair vivo. Prisioneiros passam por situações de humilhação, como ter que ficar nu em público ou confinados por semanas em pequenas celas onde não podem ficar em pé nem deitar por completo. Outros tipos de torturas são comuns nesses campos: o prisioneiro pode ser forçado a ajoelhar-se ou sentar-se sem poder se mover por longos perí

Discurso de aproximação

A tentativa de aproximação com os países muçulmanos por parte de Barack Obama tem se mostrado positiva. Grupos radicalistas ouviram o discurso e, melhor que isso, deram ouvidos ao que o presidente americano dizia. Até extremistas do Hamas afirmaram que o discurso mostra uma "mudança palpável" de comportamento, mas alegam que ainda falta uma atitude prática de Obama. Uma coisa de cada vez. No discurso realizado na Universidade do Cairo, na capital do Egito, Obama citou partes do Alcorão (livro sagrado do Islã), fez uma saudação em árabe e pediu uma era de paz após anos de "suspeita e discórdia". O presidente americano defendeu novamente a criação do Estado palestino e ironizou o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, classificando como "ignorantes" aqueles que negam o Holocausto. A ida do presidente americano ao Egito e o discurso aberto é uma mão que ele estende ao Islã, em atitude contrária ao de seu antecessor, George W Bush. Porém, o comportamento

O desgaste público

Essa discussão pública entre ministros não é nada sadia para o governo. Tendo como personagem principal Carlos Minc, esse acerto de contas vem em hora errada. Minc chamou parlamentares de "vigaristas", reclamou dos colegas de governo, acusou a ministra Dilma de estar prejudicando seu trabalho e, pior, tornou tudo isso público. Obviamente Lula não gostou. Mas acabou a principio adotando a postura de "mãezona", dizendo que os ministros não passavam de crianças: brigavam e logo faziam as pazes. Porém, quando a coisa toda apertou, Lula foi obrigado a "enquadrar" o ministro. A senadora Katia Abreu (DEM-TO) também entrou na discussão. Rebateu as críticas de Minc de forma incisiva, protocolou uma denúncia contra o ministro na PGR (Procuradoria Geral da República) por crime de responsabilidade e pediu a sua demissão à Comissão de Ética Pública da Presidência da República. Minc garante que não sairá do governo e reconhece que exagerou. Promete também procurar a s

As boas e más notícias para 2010

Lula já disse que não quer o terceiro mandato. Infelizmente, não poderemos saber se o presidente está sendo sincero antes do anúncio dos nomes que disputarão as eleições em 2010. A emenda pode ser aprovada até setembro e Lula virar candidato dele mesmo, ocupando a função de Dilma. A volta da possibilidade de um terceiro mandato vem sendo alimentada pela sequência de boas notícias para o presidente. Principalmente em relação à sua recuperação no quesito popularidade. Com o avanço da crise econômica, Lula foi obrigado a assistir à perda de aprovação de seu governo. Porém, o Brasil enfrentou a crise e está saindo menos ferido do que outros países. Essa "vitória" acabou sendo vinculada pelo eleitor ao governo federal. Por conta disso, pesquisas recentes como Datafolha e CNT/Sensus, anunciam um aumento da popularidade de Lula. O eleitor acredita que, apesar da crise mundial, o presidente está sabendo levar o barco. Por tabela (ou não) e apesar da doença, Dilma também sobe nas pesq

A vitória sem tiros em El Salvador

Enquanto 228 pessoas desapareciam sobre o oceano atlântico, a bordo do avião da Air France, Lula estava em El Salvador. A viagem aconteceu devido às eleições que ocorreram por lá. Mauricio Funes foi eleito presidente e passa a construir uma história muito semelhante a de ninguém mais ninguém menos que o próprio Lula. Lá, o nosso presidente é exemplo. Não só ele como todo o PT. O partido de Funes, a Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional (FMLN) manteve acesa por doze anos a chama da guerrilha, com o objetivo de derrubar o poder e impor um regime comunista no país. O saldo foi negativo: 75 mil mortos, um país dividido e mergulhado em uma crise econômica, social e política. Quase duas décadas após trocar as armar pelo palanque, a FMLN chega ao poder. Assim como Lula e o PT, eles tiveram que se acalmar e fazer política para ganhar. Para isso, contaram com o auxílio do próprio Partido dos Trabalhadores. A mulher de Funes, Vanda Pignato, é petista militante e foi a responsável pela ap

Reforma política, Ferreira Gullar e a maconha

Ferreira Gullar é um gênio. Um grande poeta, todos sabem. No entanto, em sua coluna do último domingo, na Folha de S. Paulo, ele afirma uma série de bobagens. Se me permitem, discordarei de algumas delas. Primeiramente Gullar defende a Reforma Política, em especial o voto em lista. Para ele, o sistema de votação seria mais justo que o atual, já que hoje votamos em Pedro e acabamos elegendo João, se aquele não alcança o determinado número de votos. O que acontece é que voto em lista é incontáveis vezes pior que o sistema atual, pelo simples fato de que caberia ao partido escolher os candidatos. É óbvio que a renovação na política brasileira ficaria prejudicada. Voltaríamos aos tempos do coronelismo, das antigas oligarquias. Gullar foi ingênuo ao afirmar que, se caso um político dissesse estar "se lixando" para a opinião pública, o seu partido tomaria as devidas providências para que ele não mais disputasse as eleições. Em uma coisa concordamos: em relação ao terceiro mandato d

Se lixando para a opinião pública

Sérgio Moraes está com a razão: a opinião pública no Brasil não existe. Ela fala, xinga, reclama, e continua elegendo bandidos. Moraes, por exemplo, foi reeleito sete vezes. SETE. E segue se lixando. Eleitor brasileiro é igual mulher de malandro. O sistema político brasileiro está falindo. A distância entre as pessoas e seus representantes se tornou cruel. O Congresso acabou virando uma ilha, um outro país, onde os políticos vivem como querem, criam leis que os protegem e erguem castelos. Mais tarde, se a coisa aperta, são defendidos pela irmandade. Afinal, nessa ilha da fantasia são todos iguais. A partir da série de terremotos que vem atingindo o Congresso desde o início do ano, voltou-se a falar em reforma política, como uma forma de amenizar o estrago e melhorar um pouco a imagem do poder público. Em vão. Por exemplo, a proposta de voto em lista é ridícula, simboliza o que há de mais retrógrado na política. A renovação se torna impossível, passamos a eleger os mesmos candidatos,

O teatro da esquerda

O Brasil se meteu onde não devia ao querer ficar amiguinho de Mahmoud Ahmadinejad, o louco do Irã que nega o holocausto e pretende riscar Israel do mapa. A visita do iraniano a América do Sul, prevista para amanhã, acabou sendo cancelada, o que serviu para deixar a coisa toda mais bizarra. Os três coleguinhas chavistas que receberiam o maluco atômico acabaram se tornando motivo de diversão para a diplomacia mundial. E Lula, ao entrar nesse trio junto com Venezuela e Equador, assinou embaixo das idéias retrógradas e ultrapassadas à la Chavez. Palhaçada esquerdista. Puxar o saco do tarado iraniano um mês antes das eleições naquele país foi um erro. E não só de timing, como alguns alegam. Assumindo relações agora ou mais tarde, será sempre péssimo para o Brasil criar qualquer tipo de vínculo com um presidente que quer explodir Israel e os homossexuais. Pelo visto, ninguém ainda se tocou do vacilo. O Itamaraty se orgulha em dizer que não existe qualquer tipo de constrangimento ou mal-estar

Saramago e o palpite infeliz

José Saramago, em um palpite infeliz, comparou o Rio de Janeiro a Berlim. O escritor português condena a construção dos muros nas favelas cariocas. Para ele, o projeto se caracteriza como segregacionista. Daí a comparação. Recorri a biografia de Saramago e constatei que o escritor nasceu numa aldeia do Ribatejo, chamada Azinhaga, ao sul de Portugal e, ainda menino, se mudou com a família para Lisboa. Ele pouco sabe da realidade na capital fluminense. E muito menos da vida na favela. Saramago talvez já tenha se emocionado com a novela das oito e seja fã de carteirinha de Manoel Carlos. Mas não passa disso. O escritor não só poderia como deveria ter permanecido calado. O autor da ideia de construir o muro, o governador Sérgio Cabral, talvez tenha acertado sem querer. Mas acertou. Essa certamente não será a salvação milagrosa para os problemas das favelas, mas cumprirá com o seu único objetivo inicial, que é proteger o que resta da mata atlântica dos morros. Paralelamente, o governo preci

Fim da farra das passagens

A opinião pública chiou e condenou a farra das passagens aéreas na Câmara. A princípio não foi suficiente. Os deputados se sentiram injustiçados, bateram o pé. Silvio Costa do PMN, por exemplo, se revoltou. Disse que não podia ficar sem levar sua mulher para Brasília sempre que quisesse. Foi uma declaração de amor digna de aplauso. Mas não funcionou. Em um escândalo como esse, em que são muitos os políticos metidos no rolo, passa a valer o discurso que todo brasileiro adora: “é tudo pilantra, ninguém presta, tudo bandido.” Os políticos agradecem. Para eles, fica mais fácil se esconder atrás dessa generalização condenatória burra da opinião pública. Assim ninguém contesta. Ninguém presta mesmo. No fim das contas, foi necessário um passeio rápido por seus estados de origem para que os deputados entrassem em contato com as pessoas que os elegeram e mudassem de idéia. Passaram a defender com unhas e dentes as medidas moralizadoras propostas por Michel Temer. Silvio Costa, inclusive, mudou

A doença e a sucessão

“Nada muda.” Esse é o discurso do governo para minimizar o impacto na opinião pública depois do anúncio da doença de Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil e pré-candidata a Presidência, em 2010. O discurso de que o tratamento de um câncer não vai interferir nas atividades da ministra tem também outro objetivo. O governo espera descartar qualquer pretensão que a base aliada tenha de disputar a cabeça de chapa em 2010. A segunda pretensão é mais ousada. Lula não tem outro nome em mente, não trabalha com candidaturas alternativas, e todos sabem que encarar uma campanha presidencial em um país grande como o Brasil é extremamente desgastante. Caso Dilma não consiga conciliar o tratamento com a campanha, o PMDB certamente lutará para ter a cabeça de chapa. Esse raciocínio só mostra o quanto a aliança governista é frágil e fragmentária quando se trata de sucessão presidencial, já que a probabilidade de a doença não interferir em nada na campanha da ministra é alta. O que vai acontecer é que,